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terça-feira, 16 de julho de 2013

É só mais um dia no contra-cheque


É só mais um dia no contra-cheque

Produz-se pra sustentar e sustenta-se pra ostentar, as vidas das quais me embrulho numa lataria térmica de energias em dilúvios do velório da angústia parecem estar seguras e confortadas em tais condições nas rotinas que sucedem os dias. Parece que essa ansiedade esquizofrênica é uma dádiva da pós-modernidade, é tão pífia e categoricamente aceita pelo mundano turbilhão que corta as consciências, avisa a estação, dá dicas de improváveis seguranças e fecha suas portas. Atento-me que o odor de ódio é latente na espiral que fazem os cidadãos circularem nas catracas que os cospem das cidades “dormitórias” para as “metro-mega-logomania-pólis, santas vítimas do cansaço de vencer a vida, de representar em silêncio toda frustração do quimérico sonho, voltar para o patrimônio da residência, ligar a televisão, se embrulhar da informação e sumir no sono. Amanhã é a mesma rotina do ontem, como o mais ganho do futuro que o satélite indica um ponto infinito a ser aniquilado: sua simples consciência.

            O quanto dói pensar? Sendo menos cavernoso e mais contemporâneo com as vozes reproduzidas por essas massas, o quanto custa esse pensamento? Se a jogada monumental é o valor e a possível imagem, custa barato demais pra se ostentar ou o ônus para tal dinâmica pode ser um tanto custoso pra nossos reflexos em simulacros. Estamos ocupados demais sendo totalmente irracionais ou cansados demais sendo totais racionais em nossos sobrepostos dias de vida. Dirigindo como a tela nos explica em manuais de auto-ajuda, cultura e informação o pensamento de uma contradição pertencente à realidade, parece mais papo paralelo, convexo e até sem o nexo necessário pra encher as bocas dos filhos com os novos chips solidários da segurança e conforto. É ensinado como extremamente perigoso e danoso para sua reputação social.

            Mas pensa bem hein? Quem pode dirigir uma máquina da qual nós mesmos sustentamos? Quem tem o direito de decidir sobre a corrente da ação e do pensamento? Como possível mandarem e desmandarem em nossas mentes através de tendências que se evaporam em todos os invernos? Quem nos disse que ausentar-se por um dia de nossa costumeira contribuição de produção e visão para picaretas controladores, vai nos arremessar no desespero do desconto de da mutilação da razão? Vão nos deixar de dar ração? Somos processador-reprodutores? Simplesmente e humildemente vejo todos nós como o puro poder de ação e da destruição dessa técnica perturbadora de manipulação. O que vai doer um dia nessa deixa de uma jaula de vida, pra se viver a vida, fazer o que gosta ou inventar uma nova forma de pensar, lapidar uma nova forma de apreender a realidade? Simplesmente um desconto mísero quanto àquele que você contribuiu pra qualquer dessas empresas daí. Seu contra-cheque desvaloriza, mas sua alma rebobina. Um lampejo quase místico é clamado por aqueles que precisam absorver e combater as contradições de uma realidade que jamais vai ser televisionada. Um torpedo que vai paralisar as atividades e romper nem que seja um dia com os monopólios econômicos, é preciso deixar cair esse disfarce de se concentrar em se entregar nessa reta da devoção de seu nobre trabalho cidadão em troca de um pedaço da placa-mãe. Tentemos montar um esquema lógico de interrupção de todos os transportes públicos que embarcam essa massa no todo santo dia, uma ação simultânea de sabotagem contra a cretinagem dos patrões, dos quais sonhamos erroneamente em se tornar um dia. Temos que expor as coisas contra isso, num movimento consciente que não abandonará jamais os movimentos políticos e até culturais, pelo contrário, somar forças produtivas para efetivar uma ação conjunta, um meteoro disparado contra o céu do monopólio.

            Pergunto novamente, o quanto custa? O quanto de lucro vai te trazer um desconto formal que tem predestinações para um futuro infinito nas possibilidades? Uma ação mais rentável que qualquer conta conjunta ou crédito parcelado nas milhas das vezes da vida. Afinal de contas, esse dia pode ser aquele dia em que tudo está uma merda. Um dia em que você mesmo assume que não produz nada, e que tal pensar um pouco? Tá custando caro?

 

Jonathan Luiz